Poema para os que partiram








Não gosto de datas destinadas a isto ou aquilo.... Mas vivemos em uma sociedade que determinam datas para lembrar os momentos.... Amanhã será o dia dos que partiram .... Que nos deixaram..... Pessoas queridas, no meu caso pai, mãe, avó, avô, irmãos, tios, amigos.... Ah a perda!!  Como é difícil!! È preciso a reinvenção dos rumos do caminho... 
Quando minha mãe se foi meu filho e minha sobrinha que eram apegados a ela não entendiam por que não podiam ver mais a avó então nós dizíamos a eles que a avó virou estrelinha, eles então na ingenuidade infantil diziam que iriam arrumar um avião para ir até o céu para ver a avó...... Vida que se segue com tantas recordações dos momentos felizes, saudades mas os momentos tristes ainda se fazendo presentes....


INICIAÇÃO
Não dormes sob os ciprestes,
Pois não há sono no mundo.
O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.

Vem a noite, que é a morte,
E a sombra acabou sem ser.
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.

Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa.
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.

Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada:
Tens só teu corpo, que és tu.

Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais:
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.

A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não 'stãs morto, entre ciprestes.

Neófito, não há morte.
Fernando Pessoa

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